Impressões sobre design biomimético e modelos de negócio inovadores
Essa reflexão foi inicialmente desenvolvida a partir de uma atividade da graduação em Design pela universidade Federal de Pernambuco, na disciplina de Design Estratégico :)
Enxergo que, diante do cenário do século, pensar e viver um estilo de vida preocupado com o meio e os seres que nele habitam é uma tarefa não apenas necessária, mas essencial. Nesse contexto, o designer, indissociável do ato de projetar, deve considerar essa premissa ao desenvolver os produtos/sitemas/serviços designados a profissão; No entanto, me parece impossível pensar nessa “nova” forma de abordagem sem pensar na origem do design e seu impacto na sociedade e no meio até aqui. Muito me inquieta o fator de o design enquanto profissão ter sua origem indissociável do estimulo ao consumo, e, no contexto atual, estar diante da necessidade de adotar uma abordagem na qual a preocupação com a manutenção de condições de vida sustentáveis -no sentido dar continuidade a espécie humana passam pelo ponto de reduzir esse consumo. Assim, não acredito numa abordagem biomimética que defenda repensar o “como continuar a estimular o contumo de maneira menos agressiva”, e sim uma que tenha a filosofia de reduzí-lo. Sendo assim, anterior ao ato de projetar biomimeticamente, repensar a o design e a profissão de designer é crucial para a sustentação da prática.
Na contemporaneidade, é evidente a desconexão do ser humano em relação à natureza e demais seres vivos, estando presente nele a crença de ser uma espécie superior invés de pertencente ao meio. Tendo isso em vista, até que ponto estaria o designer, através dos artefatos produzidos por ele, atuando para desmistificar essa ideia versus influenciando no comportamento/percepção de alguém por enxergá-lo como potencial consumidor?
Outro ponto de bastante incômodo é quanto à forma como essa abordagem, no design, é propagada como “inovadora” para os negócios. Povos indígenas, que desde sempre levam um estilo de vida voltado à -dentre outras situações-, solucionar os próprios problemas pensando no meio ambiente, nos mostram que não o é. Apesar de atuações com finalidades diferentes, não estaria o designer disposto a reconhecer, creditar e aprender junto a esses povos tradicionais para, a partir daí, desenvolver os próprios métodos, sem descredibilizar pessoas não designers em nome de manter o título de “solucionador de problemas”?
Em contrapartida, reconheço como extremamente positivo adotar a biomimética no ato projetual. Para além dos impactos mais explícitos como deteriorar menos, produzir menos lixo, estimular o repensar do consumo, atentar à limitação de recursos etc; Vejo como uma excelente alternativa ao modelo de design intervencionista que muito vem sendo discutido ultimamente (a exemplo aqui). Também, vejo muito potencial em disseminar essa filosofia bioinspirada através do design em relação a outras áreas de atuação, podendo ampliar ainda mais o aspecto multidisciplinar do design.